24 maio 2011

As Três Dimensões do Caráter Cristão



Semeia-se um hábito e colhe-se um caráter. Semeia-se um caráter e colhe-se um destino.


Caráter, sua dimensão etimológica

O termo "caráter" procede do grego "charaktēr" e significa literalmente "estampa", "impressão", "gravação", "sinal", "marca" ou "reprodução exata". O vocábulo português encontra-se na Almeida Revista e Atualizada (ARA), nos texto de Mt 10.41 e Fp 2.22. Porém não traduz o original "charaktēr", mas o grego "onoma" (nome) nas duas ocorrências mateanas e "dokimē" (qualidade de ser aprovado) em Filipenses. A tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC) verte a palavra na perícope de Mateus por "qualidade de profeta" e "qualidade de justo". A Nova Versão Internacional (NVI), traduz por "porque ele é profeta", "porque ele é justo". Não há qualquer contradição nas traduções, uma vez que o substantivo "onoma" permite qualquer uma dessas versões. Em o Novo Testamento, "onoma" significa "pessoas" em Ap 3.4, "reputação" em Mc 6.14 e possivelmente "caráter" em Mat 6.9. O nome (onoma) no contexto hebreu corresponde "as qualidades de uma pessoa". Logo, a tradução de "onoma" refere-se à natureza ou categoria do trabalho realizado pelo discípulo de Cristo, e, não necessariamente ao "caráter", como virtude moral.

Já o vocábulo "dokimē", traduzido por "caráter" (ARA), "experiência" (ARC) e "aprovado" (NVI), possui o mesmo sentido de Rm 16.10, isto é, "testado e aprovado". O termo, nesse contexto, sanciona a qualidade moral e a experiência dos personagens envolvidos – Apeles e Timóteo foram testados e aprovados como bons obreiros de Cristo. Literalmente o termo significa "a qualidade de ser aprovado". Essa aprovação somente é ratificada depois que o "caráter" foi minuciosamente testado. A única ocorrência da palavra "charaktēr" em seu sentido verbal e imediato encontra-se em Hebreus 1.3. No exórdio epistolar, o literato afirma que nosso Senhor Jesus Cristo é "a expressa imagem" da pessoa de Deus. Ele é o "charaktēr" – a "estampa", a "gravação" ou "reprodução exata" – da "hypóstasis"("substância", "essência" ou "natureza") do próprio Deus.
Um outro termo grego usado para definir o substantivo “caráter” é “ēthos”. Porém, algumas explicações são necessárias. A ética filosófica costuma distinguir entre ēthos e ethos. A diferença está na vogal longa “ē” (ē – thos) que, infelizmente, não possui corresponde em língua portuguesa. Quando os gregos falavam em ethos, com vogal breve, referiam-se à “ética” (ethiké), em latim, mores, isto é, moral. O termo aludia aos costumes sociais que eram considerados valores necessários à conduta do cidadão na pólis (cidade).

Todavia, empregavam “ēthos” quando desejam descrever o caráter e o conjunto psicofisiológico de uma pessoa. Por extensão, “ēthos” se refere às características peculiares de cada pessoa. Esses traços individuais determinavam as virtudes e os vícios que um cidadão da pólis era capaz de levar a efeito. Essas peculiaridades são explicitamente resgistradas por Aristóteles em Ética a Nicômaco. O termo ethos diz respeito aos costumes sociais (At 6.14; 25.16), mas ēthos ao senso de moralidade e à consciência ética de cada pessoa (1 Co 15.33). Os costumes (ethos) designam os valores éticos ou morais da sociedade, enquanto ēthos às disposições do caráter diante de tais valores. Contudo, enquanto na filosofia aristotélica a virtude definia a relação do sujeito com a pólis, no Cristianismo, define, primeiramente, a relação do homem com Deus e, somente depois com os homens.

Daí as duas principais virtudes do Cristianismo serem a fé e o amor. Como observamos, o caráter é a "marca" pessoal de uma pessoa. O "sinal" que a distingue dos outros e pela qual o indivíduo define o seu estilo, a sua maneira de ser, de sentir e de reagir. Também pode ser definido como o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. O caráter, por conseguinte, não apenas define quem o homem é, mas também descreve o estado moral do homem (Pv 11.17; 12.2; 14.14; 20.27).

Caráter, sua dimensão distintiva

O caráter é distinto do temperamento e da personalidade, embora esteja relacionado a eles. O temperamento refere-se ao estado de humor e às reações emocionais de uma pessoa – o modo de ser. A personalidade envolve a emoção, vontade e inteligência de uma pessoa – aquilo que o individuo é. O caráter, influenciado pelo temperamento e personalidade, é o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que determina-lhe a conduta – como a pessoa age. Observe, porém, que uma das características que compõe o ser humano é imutável, inata (temperamento), outra é o desenvolvimento geral dos traços personalógicos do sujeito em determinado momento (personalidade). O caráter, por sua vez, embora intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da personalidade, forma-se em paralelo a ela. Assim como o desenvolvimento físico de uma criança nos primeiros anos é paralelo ao desenvolvimento mental, o caráter é formado à medida que a personalidade vai sendo construída. Portanto, o caráter é a forma mais externa e visível da personalidade.

Segundo Aristóteles, a disposição moral (caráter) é adquirida ou formada no indivíduo pela prática. Afirma um antigo provérbio que ao “semear um hábito, o indivíduo colhe um caráter”. O caráter, segundo a sabedoria dos antigos, é o resultado de um hábito interiorizado, aprendido através do exercício contínuo das virtudes ou dos vícios. Não deve ser confundido com as paixões (ira, desejos, ódio), muito menos com as faculdades (razão, emoção e vontade), pois essas categorias são naturais, próprias do ser. Consequentemente, a experiência é o palco no qual o caráter age. De acordo com Schopenhauer essa é uma das razões pela qual o caráter é empírico, pois somente com a experiência é que se pode chegar ao seu conhecimento, não apenas no que é nos outros, mas tal qual é em nós mesmos. Afirma o filósofo alemão que “quem praticou determinado ato, tornará a praticá-lo assim que se apresentem circunstâncias idênticas, tanto no bem como no mal”.

Assim sendo, a personalidade determina a forma como o indivíduo se ajusta ao ambiente, mas o caráter o modo como a pessoa age e reage nesse contexto social. Já o temperamento, segundo a definição histórica dos helênicos, designa o “tempero sanguíneo” do organismo. Os sábios da Hélade sabiam muito bem que o temperamento é profundamente influenciado pela composição bioquímica

do sangue, pela hereditariedade, constituição física e pelo sistema nervoso. Por ser biológico, hereditário e internalizado no indivíduo pode ser controlado, mas jamais mutável. O caráter, no entanto, é o “sinal psíquico” do indivíduo, que determina-lhe a conduta. Porém, é desenvolvido, educável e mutável. Mediante o temperamento, a personalidade e o caráter, o indivíduo afirma sua autonomia; passa a ter consciência de si mesmo como ser humano e também que tipo de pessoa é. Essa descoberta existencial é um processo contínuo.

Caráter, sua dimensão antropoteológica

Deus criou o homem em duas fases distintas. Na primeira o Eterno forma (hb. asah) a parte somática, corporal e visível do homem, a partir do “pó da terra” (Gn 2.7a). Esse primeiro estágio é chamado de criação mediata ou formativa. Na segunda fase Deus cria (hb. bara) o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27; 2.7b). Essa imagem entende-se por moral e natural. A natural diz respeito àquilo que o homem é: ser racional (intelecto), emocional e volitivo (vontade). A moral relaciona-se à constituição do caráter, da moral e da ética. Diz respeito à constituição moral do homem, suas disposições intrínsecas que inclui o caráter e a qualidade deste: justo e santo. Antes da Queda, o homem era perfeito em santidade, retidão e justiça. Essas qualidades não procediam do próprio homem, mas eram reflexos dos atributos morais e imanentes do Senhor. Os atributos morais de Deus se refletiam na constituição do sujeito (Ef 4.24; Lv 20.7; 1 Jo 2.29; 3.2,3). Porém, após a Queda, a natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23). Em lugar da justiça, o seu antagônico; em vez da santidade o seu oposto; em oposição à virtude o vezo (Gl 5.19-22). Somente a obra salvífica de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante a ministração do Espírito Santo, é capaz de revestir o homem de uma nova natureza, criada segundo Deus, “em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24; 1 Co 1.30).

É o Espírito Santo que transforma o pecador à semelhança da natureza e do caráter de Cristo (2 Co 3.18; 2 Pe 1.3-7). Portanto, para que você se torne o homem ou a mulher que Deus deseja é necessário que o seu temperamento, personalidade e caráter se tornem subservientes dos projetos de Deus para a tua vida. Até que Deus prevaleça sobre nossas vidas (2 Co 2.14), alguns precisam ser jogados numa cisterna, como José (Gn 37.20); outros, ser alimentado por corvos, como Elias (1 Rs 17.6); e, alguns, apresentar sua língua aos serafins, como fez Isaías (Is 6.6,7). O caminho que Deus escolhe para forjar o caráter de seus cooperadores algumas vezes é íngreme e inóspto. Mas, quando eles saem da fornalha, é perceptível até mesmo para os pagãos que eles andaram com o quarto Homem na fornalha (Dn 3.25-27). Deus jamais chamou alguém para uma grande missão sem que esse escolhido passasse por uma profunda transformação moral.

Se desejas que o Deus de José, Elias e Isaías realize em você o mesmo que fez com eles, coloque o seu caráter no altar do Espírito; apresente a sua personalidade Àquele que a todos transforma segundo a imagem de Cristo. Só assim serás a pessoa que Deus deseja que você seja.

Notas: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2002, p.40-55.
SCHOPENHAUER, Artur. O livre arbítrio. São Paulo: Editora Novo
Horizonte, [s.d.] p.223-4.

21 maio 2011

A Adoração Profética


O que significa a adoração profética? Seu protótipo está em Gênesis quando o Senhor Deus descia ao jardim do Éden, ao cair da tarde, para comunicar-se com Adão e Eva (Gn 3.8-9). A adoração profética é sensivelmente caminhar e falar com o Senhor.
Deus sempre tem ordenado que a adoração seja algo mais que um monólogo de crente que expressa seus sentimentos a Deus. A adoração é mais que só falar a Deus; também é Deus que fala ao crente.
A adoração é um intercâmbio, um diálogo.
Tem-se dito que a adoração é a linguagem do amor. Quando o crente adora, ele expressa seu amor a Deus; porém o amor deve fluir como meio de comunicação entre dois indivíduos. Deve haver um toma lá e dá cá; falar e escutar; a transmissão e a recepção. Ao expressar amor a minha esposa, não me estendo na explicação de meus sentimentos, nem ocupo conversando sobre as minhas opiniões, senão que dou
oportunidade de responder para dê expressões as suas emoções.
 A adoração deve conter ambos elementos para que seja completa. Deve constar das expressões do crente a Deus, e também o crente deve escutar as respostas de Deus. Em muitos cultos de adoração se canta, se grita, louva, fala-se em línguas e também se expressa amor a Deus na adoração; porém o líder diz: “Podem sentar-se”. Não se dá oportunidade para Deus responder. Ele quer falar ao crente e expressar os seus sentimentos. Talvez não haja tempo para escutar a Deus porque há um pregador convidado para esse domingo, ou há dedicação de uma criança, ou a congregação se senta satisfeita por ter expressado as suas emoções, porém Deus não teve oportunidade de falar-lhe. Por não reconhecer a relação entre o louvor e adoração (a congregação fala) e a profecia (Deus fala), se perde um elemento muito importante da adoração.

19 maio 2011

Os Moravianos e as missões



Wiiliam Carey é considerado o pai das missões Protestantes, primariamente pelo fato de ter ele fundado a Sociedade Missionária Batista. Tal sociedade teve seu início em 1792, 275 anos após Martinho Lutero ter afixado as Noventa e Cinco Teses à entrada da Igreja de Wittemberg em 1517. Essa sociedade foi um veículo Protestante para o envio de missionários ao mundo não Cristão. Carey, contudo, não inventou o movimento missionário Protestante. Ele construiu a plataforma da qual o movimento missionário Protestante tinha lançado, de uma série de pranchas cortadas durante séculos, entre Lutero e ele. Uma dessas pranchas foi o Pietismo, um movimento evangélico interdenominacional e internacional, que procurava revitalizar a igreja existente, através de pequenos grupos dedicados ao estudo da Bíblia, oração, responsabilidade mútua e missões. August Hermann Francke definiu a agenda do Pietismo em apenas doze palavras: “uma vida mudada, uma igreja reavivada, uma nação reformada, um mundo evangelizado”. O Pietismo primeiramente despertou uma visão missionária entre os protestantes, enviando missionários para a Índia e Groelândia.

Duas outras pranchas significativas na plataforma de Carey foram a Igreja Moraviana e os Puritanos. Os Moravianos foram os primeiros Protestantes a colocar em prática a idéia de que a evangelização dos perdidos é dever de toda a igreja, e não somente de uma sociedade ou de alguns indivíduos. Anteriormente, a responsabilidade pela evangelização havia sido lançada nos degraus dos governos, através das atividades colonizadoras deles. Os Moravianos, contudo, criam que as missões são responsabilidade de toda a igreja local. Paul Pierson, missiólogo, escreveu: “Os Moravianos se envolveram com o mundo de missões como uma igreja, isto é, toda a igreja se tornou uma sociedade missionária”. Devido ao seu profundo envolvimento, esse pequeno grupo ofereceu mais da metade dos missionários Protestantes que deixaram a Europa em todo o século XVIII.

e fato a história dos Moravianos antecede à Reforma. Conhecidos originalmente como os Unitas Fratrum, ou a Unidade dos Irmãos, esses cristãos Checos foram os seguidores do mártir John Huss, um Reformador antes da Reforma. Ele foi martirizado em 06 de julho de 1415, e os Moravianos honram sua morte no calendário deles ainda hoje.

Após a morte de Huss, seus seguidores, que foram muitas vezes conhecidos como Hussitas, ou como os Irmãos Boêmicos, experimentaram um verdadeiro ressurgimento. Eles se reorganizaram no ano de 1457, e no tempo da Reforma havia entre 150 a 200 mil membros em quatrocentas igrejas por toda a Europa Central. Mas, no levante das guerras dos 1600, a Boêmia e Morávia (Repúblia Checa) foram dominadas por um rei católico romano, o qual desencadeou uma terrível perseguição contra os Moravianos. Quinze de seus líderes foram decapitados. Os membros da igreja foram mandados para os calabouços e às minas para trabalhos forçados. As escolas deles foram fechadas. Bíblias, hinários, catecismos e escritos históricos foram totalmente queimados. Foram todos espalhados. De fato, 16 mil famílias repentinamente se tornaram refugiadas. Por quase cem anos procuravam fugir da perseguição. Por causa disso formaram uma poderosa rede de cristãos “clandestinos” através de pequenas células.

Anos mais tarde, em 1722, um pequeno grupo desses refugiados estava à procura de algum lugar onde pudesse se sentir seguro. Quando cruzaram a divisa da Alemanha, ouviram de um lugar conhecido como Herrnhut, uma pequena faixa de terra na propriedade de Nicholas Ludwig von Zinzendorf. Pediram se podiam ficar ali. Zinzendorf não estava no momento, mas o administrador lhes permitiu acampar-se no sítio.

Zinzendorf, um aristocrata, tivera ligações anteriores com o movimento Pietista. Seu padrinho fora Philip Spener. Quando tinha dez anos foi enviado para estudar em Halle, onde seu professor fora August Hermann Francke. No período que lá estivera, seu mentor foi Bartholomew Ziegenbalg , o primeiro missionário Protestante para a Ásia, que estava de férias (tipo de ano sabático).

Zinzendorf descreveu sua vida em Halle da seguinte maneira: “Encontros diários na casa do professor Francke; relatórios edificantes concernentes ao reino de Cristo; conversa com testemunhas da verdade em regiões longínquas; contato com diversos pregadores; luta dos primeiros exilados e prisioneiros. A satisfação daquele homem de Deus e a obra do Senhor juntamente com várias provações que o envolveram, fizeram crescer meu zelo pela causa do Senhor de uma maneira poderosa”.

Enquanto Zinzendorf esteve em Halle, foi um instrumento na formação da primeira sociedade missionária de estudantes Protestantes chamada de a “Ordem do Grão de Mostarda”. depois disso foi para Wittemberg para estudar Direito devido seus pais não aceitarem a idéia de ele se tornar um pregador. Quando concluiu o curso de Direito, fez uma grande viagem turística pela Europa, o que era comum para os membros da aristocracia daqueles dias. Como parte dessa viagem, foi a um museu de arte em Dusseldorf, Alemanha, e lá viu um quadro do “Cristo de Coroa de Espinho”, com a seguinte inscrição: “Eu fiz isto por ti; o que fazes tu por mim?”.

Isso lhe causou uma profunda impressão e o levou a escrever em seu diário: “Tenho amado-o por longo tempo, mas realmente nada tenho feito por ele. De agora em diante farei tudo que me seja dado fazer”. Voltou para Herrnhut para onde os refugiados Moravianos formaram uma comunidade com cerca de trezentos membros. Zinzendorf assumiu a responsabilidade, não apenas supervisionando como dono da terra onde viviam, mas sim para lhes servir de pastor. Em 1727 um derramar do Espírito de Deus uniu a comunidade.

Cinco anos mais tarde, em 1732, Zinzendorf foi convidado a assistir a coroação do rei Dinamarquês (ele estava ligado à família real na Dinamarca). Enquanto lá, descobriu o produto das missões Dinamarca-Halle: alguns convertidos Esquimós da Groelândia e uma pessoa convertida do Oeste da Índia, um primeiro escravo cujo nome era Anthony. Tais pessoas fizeram um apelo a Zinzendorf: “Você não pode fazer alguma coisa para nos enviar como missionários?”. Seu coração ficou muito quebrantado. Voltou para a comunidade e lançou diante dela o desafio para o envio de reforços missionários para Groelândia, Índia e outras partes do mundo onde pessoas não conheciam a Cristo. Vinte e seis pessoas imediatamente se ofereceram como voluntárias, e assim o Movimento Missionário Moraviano foi lançado. Nos vinte e oito anos seguintes mais do que duzentos missionários Moravianos entraram em mais de doze países para implantação de trabalho missionário em torno do mundo.

O trabalho dos Moravianos foi guiado por um número de características que os distinguiram. Primeiro, eram profundamente dedicados ao Senhor Jesus Cristo. Eram extremamente cristocêntricos. Numa certa ocasião, quando eu ministrava na Nicarágua, os cristãos Moravianos me deram uma placa de madeira com o selo de sua igreja. Traz um Cordeiro triunfante do livro de Apocalipse. Diz assim: “Nosso Cordeiro venceu; vamos segui-lo”. Os Moravianos pregavam Cristo. Zinzendorf aconselhava os missionários que saiam: “vocês devem ir direto ao ponto e falar-lhes a respeito da vida e da morte de Cristo”. Os missionários primitivos tinham o costume de elaborar provas da existência de Deus, como se estivessem dando palestras teológicas. Zinzendorf apelou aos missionários para que simplesmente lhes contassem a história de Jesus. Há inúmeros relatos de como aquela história despertou corações dormentes que foram trazidos ao Salvador; segundo, os Moravianos, diferentemente dos pietistas primitivos, não eram altamente educados nem teologicamente treinados. Eram comerciantes. De fato, os dois primeiros missionários que foram enviados eram coveiros por profissão! As próximas duas pessoas que enviaram, um era carpinteiro e o outro, oleiro. Os Moravianos abriram o ministério ao leigo e a ministração às mulheres, antecipando J. Hudson Taylor nessa questão mais de cem anos antes; terceiro, criaram a estratégia missionária de fazedores de tendas (o missionário trabalhar e se auto-sustentar no país). Muitas pessoas pensam que o sistema de fazedores de tendas é coisa recente. Mas, o movimento missionário Moraviano se baseava nisto. Além do mais, como pode uma vila de seiscentas pessoas sustentar duzentos missionários? Resposta: Eles trabalhavam para a sobrevivência. Zinzendorf dizia que trabalhar em fazenda e indústria prende muito as pessoas, mas o comércio lhes daria mais flexibilidade. Ele sentia que a prática de trabalho e o ensino que podiam dar nesta área não apenas levantaria o nível econômico do povo para onde eram os missionários enviados, mas também proveria meios de se fazer contato com aquela gente. O livro ‘Lucro para o Senhor`relata como os Moravianos usaram o fazer tendas como estratégia para o trabalho missionário em meados de 1700; quarto, os Moravianos foram a pessoas que viviam na periferia da sociedade. Devido aos Moravianos terem sido pessoas sofredoras, podiam facilmente se identificar com aqueles que sofriam. Eles iam àqueles que eram rejeitados por outros. Dificilmente qualquer missionário seria mandado para a costa leste de Honduras ou Nicarágua. Essas partes da América Central eram inóspitas. Lá, contudo, estavam os Moravianos. Isso era característico da vocação missionária deles; quinto, eles se dirigiam a pessoas receptivas. Devido ao fato dos Moravianos crerem ser o Espírito Santo ser o “Missionário” primário, aconselhavam seus missionários a “procurarem as primícias. Procurarem aquelas pessoas que o Espírito Santo já havia preparado, e trazer-lhes as boas novas ”; sexto, eles colocavam o crescimento do reino de Cristo acima de uma expansão denominacional. Zinzendorf não pretendia exportar as divisões denominacionais da Europa. Ele se tornou um pioneiro ecumênico (entre cristãos), no melhor sentido do termo, 150 anos antes de qualquer um imaginar tal possibilidade; sétimo, a obra missionária Moraviana era regada de oração. Quando o avivamento espiritual ocorreu em 1727, começaram uma vigília de virada de relógio, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano. O livro devocional conhecido como Lemas Diários, que ainda tem sido publicado pela Igreja Moraviana, era o devocional mais amplamente usado entre os cristãos europeus. O ministério Moraviano era fortemente regado por oração (tiveram uma vigília de oração que durou um tempo de 100 anos literalmente - nota do tradutor).

Os Moravianos tinham trabalho missionário no Estado da Geórgia devido ao General Oglethorpe ter sido influenciado por Zinzendorf, que fazia parte de um grupo missionário de estudantes que começou em Halle. Quando João Wesley viajou para os Estados Unidos, seu navio enfrentou uma terrível tempestade. Wesley ficou super abalado. Somente os Moravianos, que se mantinham num senso de paz com Deus, lhe encorajaram no pânico. Foram eles que lhe apresentaram a necessidade de um relacionamento pessoal com Cristo. Retornando para a Inglaterra, após um trabalho frustrado na Geórgia, disse: “fui para converter os índios, mas, quem, ó quem me converterá?” Ele foi para uma reunião num encontro de Aldersgate - um encontro dos Moravianos - durante o qual seu coração, segundo ele, foi “estranhamente aquecido” e assim encontrou segurança para a sua salvação. Foi para Herrnhut a fim de examinar o trabalho Moraviano, e, como resultado, ele padronizou a obra do Metodismo no modelo Moraviano. Assumiu como moto as palavras de Zinzendorf: “o mundo é minha paróquia”.

Os Moravianos também exerceram uma forte influência sobre William Carey, o qual teve grandes dificuldades em gerar sustento para a idéia de uma sociedade de missões. Aqui está um relato de como a fundação da sociedade missionária veio a acontecer. Numa noite, um pequeno grupo de 12 ministros e um leigo se reuniu com William Carey na espaçosa casa da viúva Wallace, conhecida por sua hospitalidade como a Hospedeira do Evangelho. Novamente, Carey fez pressão para a ação. Mas, novamente os irmãos oscilaram. Afinal, quem são esses homens? Ministros de Igrejas de pobres-feridos, para sustentar uma missão, tão assediadas de dificuldade, tão cheias de incertezas. No momento crucial, quando todas as esperanças pareciam se esvair, Carey tirou do bolso um livreto intitulado Periódico de Contos das Missões Moravianas. Com lágrimas nos olhos e com voz trêmula, afirmou: “se vocês apenas tivessem lido isto e soubessem como esses homens venceram todos os obstáculos por amor a Cristo, dariam um passo de fé”.

Foi a gota d’água! Os homens concordaram em agir. As atas da reunião registram a decisão deles de formar “A Sociedade Batista Particular para Propagação do Evangelho entre os pagãos”, também conhecida como a Sociedade Batista Missionária. Sua força repousa na motivação provida pelo relato dos missionários Moravianos.

Alguém, certa vez, perguntou a um Moraviano o que significa ser um Moraviano. Ele respondeu: “ser um Moraviano e promover a causa global de Cristo são a mesma coisa”.

(Artigo: The Moravians and Missions

07 maio 2011

Exemplos de Atos Proféticos

 
Existem vários exemplos de Atos Proféticos selados com a palavra viva, como:

- Profetizar contra os montes (Ez 6.1-3);

- Bater com as mãos e os pés (Ez 6.11);

- Gritar e uivar (Ez 21.12);

- Bater palmas (Ez 21.14-17);

- Dobrar, virar ou girar uma espada (Ez 21.14b);

- Gravar marcos nas entradas da cidade (Ez 21.19);

- Enterrar e desenterrar cintos (Jr 13.1-11).


Tipos de Atos Proféticos

Vejamos agora outros Atos Proféticos utilizados em forma de símbolos em batalhas territoriais, que geraram vitórias espetaculares e sinais extraordinários:


- Permanecer com as mãos erguidas (Êx 17.8-16) é um sinal militar duplo, que determina o início da guerra bem como o avanço das tropas;

- Golpear a água com manto (2 Rs 2.8,13-14);

- Liberar palavras de ordem em obediência ao SENHOR (Js 10.12-15);

- Restaurar o altar e pedir fogo do céu para vencer confrontos (1 Rs 18.20-46);

- Estender a vara (cajado) para fender o mar (Êx 14.15-21);

- Quebrar cântaros e tocar trombetas (Jz 7.16-25);

- Marchar gritando em círculos (Js 6.1-20);

- Dar voltas nos quatro cantos da cidade, contar suas torres (lugares fortes) e observar bem suas defesas (Sl 48.11-12);

- Pessoas como símbolos proféticos, por exemplo, noivo e noiva (Os 1);

- Deitar na terra confessando pecados e profetizando (Ez 4.4-6);

- Tocar com a vara na rocha e produzir água (Êx 17.6);

- Profetizar no vale sobre ossos secos (Ez 37).


Ferramentas Utilizadas

Eis alguns exemplos de ferramentas usadas em Atos Proféticos:

- Maquetes de lugares ou cidades, ungindo e profetizando (Ez 4.1-4);

- Arvorar bandeiras como símbolos de uma nação ou região (Is 13.2, 18.3);

- Edificar altares de pedras e tomar posse do território inimigo (Gn 12.7-8);

- Proclamar a Palavra aos montes, vales, pedras, árvores ou animais (Ez 36.1-15);

- Lançar ou espalhar sal em pontos estratégicos para firmar pactos (Lv 2.13; 2 Re 2.21-22; 2 Cr 13.5);

- Derramar azeite de oliva sobre lugares específicos (Lv 8);

- Libação, que é o derramamento de uma pequena porção de vinho (Gn 35.12-14);

- Pedras (Jr 43.9-13);

- Arco e flechas, facas, espadas (2 Re 13.14-19), flechas atiradas na direção do território inimigo equivalem a declaração de guerra;

- Danças proféticas (Êx 16.20-21; 2 Sm 6.14-16);

- Toques da shofar (Js 6.2-16);

- Grãos (símbolo do fruto, colheita, avivamento). Devem ser lançados dos altos dos montes visando a colheita d’almas (Sl 72.16);

- Éfode (usado para profetizar);

- Hastear bandeiras ou marchar com estandartes representando as tribos de Israel, nações ou povos;

- Mantos ou Fitas (símbolos representativos da investidura divina);

- Estacas (para ferir a terra ou fincá-las para assinalá-la).


Pr.João Carlos

Ato Profético

Atos Proféticos
O que são Atos Proféticos?
Definimos Ato Profético como uma ação executada por um profeta ou enviado de Deus, investido com a devida autoridade, em um local, tempo e modo especificados pelo Espírito Santo, com o fim de trazer à terra a liberação do Seu poder sobre determinada circunstância em que o próprio Deus já tenha revelado Sua perfeita e soberana vontade.

Exemplos de Atos Proféticos
Existem vários exemplos de Atos Proféticos selados com a palavra viva, como:
- Profetizar contra os montes (Ez 6.1-3);
- Bater com as mãos e os pés (Ez 6.11);
- Gritar e uivar (Ez 21.12);
- Bater palmas (Ez 21.14-17);
- Dobrar, virar ou girar uma espada (Ez 21.14b);
- Gravar marcos nas entradas da cidade (Ez 21.19);
- Enterrar e desenterrar cintos (Jr 13.1-11).

Tipos de Atos Proféticos
Vejamos agora outros Atos Proféticos utilizados em forma de símbolos em batalhas territoriais, que geraram vitórias espetaculares e sinais extraordinários:

- Permanecer com as mãos erguidas (Êx 17.8-16) é um sinal militar duplo, que determina o início da guerra bem como o avanço das tropas;
- Golpear a água com manto (2 Rs 2.8,13-14);
- Liberar palavras de ordem em obediência ao SENHOR (Js 10.12-15);
- Restaurar o altar e pedir fogo do céu para vencer confrontos (1 Rs 18.20-46);
- Estender a vara (cajado) para fender o mar (Êx 14.15-21);
- Quebrar cântaros e tocar trombetas (Jz 7.16-25);
- Marchar gritando em círculos (Js 6.1-20);
- Dar voltas nos quatro cantos da cidade, contar suas torres (lugares fortes) e observar bem suas defesas (Sl 48.11-12);
- Pessoas como símbolos proféticos, por exemplo, noivo e noiva (Os 1);
- Deitar na terra confessando pecados e profetizando (Ez 4.4-6);
- Tocar com a vara na rocha e produzir água (Êx 17.6);
- Profetizar no vale sobre ossos secos (Ez 37).

Pr.João Carlos

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