27 dezembro 2011

SATANÁS NUNCA FOI UM ANJO DE LUZ E DEPOIS CAIU


Existem no meio evangélico, ensinamentos que são transmitidos há muito, repetidos por gerações de mestres, recebidos por tradição, os quais jamais foram analisados com o cuidado necessário, à luz das Escrituras.

A tradição tem substituído o texto sagrado em muitas doutrinas. Os ensinadores, com medo de se expor, preferem repetir o que outros mais importantes falaram, dentro da esfera do "argumento de autoridade".

E o que é argumento de autoridade? É o seguinte. Se um homem é importante dentro da sua igreja ou se já fez alguns cursos de nível superior, tudo o que ele diz é considerado verdade por muitos, principalmente se tiver escrito um livro.

Costumo sempre fazer esta pergunta. "Você crê mais na Bíblia ou nos ensinamentos de sua denominação?"

Muitos, surpresos, respondem. "E, por acaso, minha denominação ensina algo que não é ensinado pela BÍBLIA?" Bem, prezado leitor, apesar de isto parecer quase impossível, vou lhe dizer. Todas as denominações que eu conheço ensinam muitas coisas que não se encontram na santa Palavra de Deus. Foram herdadas da igreja católica, que por sua vez herdou dos mitos e narrativas do paganismo.

Não foi por acaso que um dos mais notáveis homens de Deus que já li, Ben Adam, escreveu estas palavras.

“Quando digo que, hoje em dia, para a grande massa do público professadamente religioso, a Bíblia é um livro quase que totalmente desconhecido, estou simplesmente enunciando uma verdade. O estudo da Bíblia, como meio de se procurar conhecer a vontade de Deus sobre alguma particularidade, praticamente morreu; e a leitura devocional das Escrituras sagradas, até mesmo entre os crentes evangélicos, é uma exceção, quando deveria ser a regra”.

Quando apresentamos os textos bíblicos analisados, a surpresa é maior, pois descobrem que a tradição nas igrejas tem, em muitos casos, substituído a Palavra de Deus”.

Vamos analisar uma crença que veio do paganismo, foi perpetuada na literatura e nas artes, porém não é ensinada pela Palavra de Deus. Refiro-me à pretensa queda de Satanás.

O ensino tradicional é que Satanás era um anjo bom que vivia no céu, tinha a categoria de arcanjo, era regente do coral celestial, mas um dia, movido de inveja, cheio de cobiça, cheio de vaidade, resolveu insurgir-se contra a autoridade divina, moveu uma rebelião contra Deus, seduziu um grande número de anjos e foi expulso do céu.

Nesta hora houve uma catástrofe tão grande que a terra que havia sido criada por Deus de maneira tão bela, passou a ser "sem forma e vazia".

Também ensinam que ele estava no Éden e era perfeito, até que nele se achou iniqüidade. Ora, se sua queda só se deu no Éden, como é que ensinam que a grande catástrofe que destruiu a forma da terra se deu lá no princípio, quando ele caiu?

E se ele caiu lá no princípio da criação, como é que no Éden ele ainda era perfeito?

Outra coisa. Como Satanás pôde pecar sem ser tentado! Se alguém, por acaso, o tivesse tentado, não teria sido Deus, porque Deus "não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta" (Tiago 1.13).

E se alguém mais o tentou, teria que ser um tentador independente de Deus e se houvesse um tentador independente de Deus, então ele seria um diabo primevo, o primeiro Satanás.

Não é mais lógico, mais coerente, mais honesto, acreditar no que diz a Bíblia, aceitando a soberania de Deus e submetendo-se à Sua vontade? Você, leitor, está disposto a acreditar mais na Bíblia, mesmo que o que ela disser, seja diferente do que ensinam as autoridades da sua Igreja?

Antes de continuar a ler, deixe-me logo explicar uma coisa muito importante. Eu não sou mórmon (aliás, detesto os erros deles), nem sou testemunha de Jeová (também detesto os erros deles), nem tenho compromisso doutrinário com qualquer denominação.

Sou apenas um crente em Jesus Cristo, estudioso das Escrituras, amigo dos pastores e pregadores, mas considerado “herético” por muitos, porque só acredito no que a Bíblia diz.

O próprio Senhor Jesus Cristo afirmou coisa muito diferente do se ensina hoje sobre Satanás, quando afirmou. “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele...” (Quarto Evangelho 8.44).

Jesus colocou este Arkê=Princípio, como o limite. Satanás jamais se firmou na verdade, nem uma hora, nem um minuto, ou um segundo.

Como Satanás veio a este mundo? Por que ele está aqui e por que Deus não se livra dele por nossa causa? O diabo é tão poderoso que Deus tem que lutar contra ele em uma tremenda guerra em que dois terços dos anjos luta ao lado de Deus e um terço luta contra ele?

É verdade, como diz a tradição que não é culpa de Deus do diabo estar aqui? É verdade que Deus não criaria qualquer coisa má, tal como um diabo ou trevas ou calamidades? A Bíblia diz que ele cria.

Por que o diabo está na terra, então? Existe um propósito para ele estar aqui, ou Deus se livrará dele assim que puder? O que Deus tem em mente para a eternidade que torna necessário uma força oposta do mal para lutar contra os santos neste tempo presente. Isto tem algo a ver com o destino dos filhos de Deus?

As conclusões que tiramos estão fundamentadas em um forte argumento é que Deus é soberano e que nada acontece fora de sua divina vontade e do seu soberano propósito.

Assim sendo, tive que fazer algumas perguntas:
 Foi Deus quem criou o diabo ou um santo anjo (Satanás) criou o diabo através de rebelião e pecado?
Alguns textos mostram que Deus criou principados e potestades que são demônios que regem as trevas. Deus não desculpa as trevas e as calamidades dizendo “foi o diabo quem fez”, mas Deus aceita o crédito de criar as trevas e o mal.

Deus quis um diabo mau na terra ou não? Se não, então Deus não é soberano, é fraco e teve que ajustar seus planos por causa do intruso. Não posso aceitar esta resposta.
Deus poderia se livrar do diabo hoje? Se Deus quisesse ele poderia destruir satanás hoje, ontem, 2.000 anos atrás ou no jardim? Ou ele não pode ainda fazer isto porque está tentando vencer a batalha. Ora, se ele é capaz e ainda não o fez, temos que concluir que ele ainda determina ter satanás aqui agora. Assim sendo, temos que dizer que ele quer um diabo aqui. Agora, porque ele o quer, esta é outra história.

Então ele é o diabo desde o princípio. Deus o fez com esta finalidade, para, opondo-se ao seu plano cósmico, eterno, dar opções para os seres criados fazerem uma escolha entre o bem e o mal.

O bem e o mal são criações de Deus no plano metafísico. Se, no plano epistemológico, pragmático, ou, simplificando, na realidade terrena, vemos a tremenda oposição entre o bem e o mal, no plano metafísico ambos convergem para o cumprimento do plano eterno de Deus.

Deus transcende o bem e o mal. Ele é supremo, superior a tal esfera. Não depende das nossas medidas ou julgamentos. Isaías afirma que Deus é o próprio criador do mal. Se ele não fosse o criador do mal, teria que haver um outro Deus que o fizesse, ou então Deus teria que ser aquela entidade dualística ensinada pelo Taoísmo, Hinduísmo e outras crenças. Deus=Bem/Mal.

Veja o que diz Isaías. "Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, faço todas estas cousas" (Isaías 45.7).

Alguns teólogos, com medo de admitirem algo tão grande e tremendo, dizem que este texto não se refere ao mal ontológico, mas ao mal pragmático, aos males que assolam a terra. Se assim fosse, Deus teria dito o seguinte. "Crio os males".

A primeira epístola de João corrobora e esclarece ainda mais o que Jesus afirmou. Leiamos.

"Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio" (I João 3.8).

Agora, chegou a hora de perguntarmos pela primeira vez. Você crê mais na BÍBLIA ou nos ensinamentos da tradição? Para não perder sua posição privilegiada na igreja, você prefere ensinar a mentira ou, simplesmente, esconder a verdade? Prefere ficar calado e ser uma “Maria vai com as outras”, concordando com o erro, porque isto não vai lhe “queimar”?

Existe algum exegeta mágico que seja capaz de distorcer estes dois textos, procurando alguma outra explicação para o princípio?

Se foi no início da criação, ou no início da vida dele, ou no início da vida do homem, ou seja, lá qual tenha sido, o fato insofismável é que quando Satanás começou a existir, já começou a pecar, porque ele já foi feito com a natureza pecaminosa, para cumprir um propósito.

Tal propósito está inserido, embutido e oculto na economia divina. Não temos qualquer senha de acesso para tal propósito.

Você questionará o Criador por causa disto? Não é melhor aceitar o fato que Deus fez o diabo com a missão específica de assolar a terra, de tentar o homem, de acusá-lo, de cumprir a ira divina sobre as pessoas, famílias e nações?

Veja o que diz um texto proferido pelo profeta Isaías. "Eis que eu criei o ferreiro, que assopra as brasas no fogo, que produz a ferramenta para a sua obra; também criei O ASSOLADOR, PARA DESTRUIR" (Isaías 54.16).

Os únicos textos usados pelos que advogam que Satanás era bonzinho são Ezequiel 28 e Isaías 14. Também se referem à citação que Jesus faz em relação a Satanás ter caído do Céu. Vamos analisar cada um deles.

Quando Jesus enviou os setenta para realizarem a obra inicial da evangelização, eles saíram entusiasmados e voltaram mais entusiasmados ainda quando viram o resultado do trabalho realizado.

Eis o que diz Lucas. "E voltaram os setenta com alegria, dizendo. Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam" (Lucas 10.17).

Até aquele tempo jamais um demônio havia sido expulso. Era o início de algo completamente novo. Vemos, por exemplo, casos como o de Saul, em que um espírito mau da parte do Senhor vinha atormentá-lo e Davi, tocando a harpa o aliviava, mas não se fala ali de expulsão de demônios.

Ao ser iniciada a batalha espiritual na terra para destruir as obras do diabo, Satanás, o príncipe das potestades do ar, vendo que seu império estava se desmoronando, resolveu descer até ao nível da terra.

Jesus vendo o que acontecera, usou o pretérito imperfeito do verbo e afirmou. "Eu VIA Satanás, como raio, cair do céu" (Lucas 10.18). Não existe, nesta frase de Jesus, qualquer idéia que Satanás era bom e depois tornou-se mau.

Vamos analisar, agora, alguns detalhes importantes de Ezequiel 28, o texto é mais utilizado por exegetas impacientes para tentarem provar que Satanás um dia foi bom e depois se tornou mau.

Abra sua BÍBLIA, leia com atenção umas duas vezes, no mínimo este texto, até o versículo 19 e depois acompanhe nossa análise honesta e espiritual do texto.

A profecia de Ezequiel é eclética, mística e hermética. A profecia é contra o rei de Tiro, mas, ao mesmo tempo, há expressões que claramente se referem a outro personagem. Quem seria este outro personagem? Você aprendeu que era Satanás. Mas, será que era mesmo?

No início tal personagem é apresentado cheio de vaidade e orgulho espiritual, ao ponto de querer ser igual a Deus. No versículo 9 descobrimos que, no momento que ele se apresenta como um Deus, a Palavra diz que ele é homem, e não Deus.

Ora, se ele é homem, não pode ser Satanás porque Satanás é espírito. Se não é Satanás, nem é o rei de Tiro, é alguém muito importante no plano de Deus. Quem?

Na segunda parte do texto, que vai do versículo 11 ao 19, parece que tudo muda por completo. Não podemos mais pensar neste personagem em termos do rei de Tiro. É alguém tão especial que vamos citar todo o texto.

"Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe. Assim diz o Senhor Jeová. Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.

"Estavas no Éden, jardim de Deus. Toda a pedra preciosa era a tua cobertura, a sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro. A obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados.

"Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci. No monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

"Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti".

Muitas mentes criativas, férteis, conseguiram interpretar este texto como referente a Satanás.

Se o texto fala de Satanás, perguntamos. O que estava ele fazendo no Éden, junto com Adão? Se ele já era mau e estava ali para fazer o homem pecar, como passou um período sendo bom, no mesmo Éden?

Se ele era querubim protetor, ou cobridor, ou guarda, como significa sua função, ou melhor a de um querubim, pois querubim é um guarda, um guardião, ele estava ali guardando o Éden contra o que, ou contra quem?

Contra outro Satanás? Aquele que o fez pecar, aquele que o tentou?

Estava guardando o Éden contra si mesmo?

Se não era Satanás o querubim/guarda, quem era o guarda do Éden? A BÍBLIA sempre responde a BÍBLIA, sempre. Leiamos Gênesis 2.15.

"E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar E O GUARDAR".

Quem era, pois, o guarda/querubim do Éden? Adão é claro!

Contra que ou contra quem Adão foi colocado para guardar o Éden? Contra Satanás!

Isto não aconteceu a contento, disto nós sabemos, o que acarretou toda a gama de problemas que vieram pela falta de cuidado de Adão.

E quem era o aferidor da medida? Adão é claro. Por quê?

O que significa aferidor? "Instrumento de medição; conferido e harmonizado com o padrão; modelo; gabarito; régua; protótipo", etc.

Adão, como o primeiro homem, era o modelo para todos os demais. Como houve falha, Deus enviou outro aferidor, Jesus Cristo.

Jamais Satanás poderia ser aferidor de qualquer coisa boa dentro do plano da criação de Deus.

Nossos primeiros pais viviam nus e não sabiam, ou não viam isto, porque estavam vestidos de luz, vestidos do brilho das pedras afogueadas.

Em linguagem simbólica, não significa que estavam carregados de pedras, mas era uma luz tão bela que dificilmente poderia ser descrita por linguagem humana, o que fez o profeta descrever da maneira mais bela que ele podia.

Adão era perfeito, até que nele se achou iniqüidade.

Satanás nunca foi perfeito, porque Deus já o criou para assolar, para destruir, como instrumento de sua ira, conforme podemos constatar em dois textos paralelos do Velho Testamento.

Leiamos, em primeiro lugar, I Crônicas 21.1. "Então Satanás se levantou contra Israel, e incitou Davi a numerar a Israel". Vemos, neste texto, que foi Satanás que incitou Davi.

Leiamos, agora, II Samuel 24.1: “E a ira do Senhor se tornou a acender contra Israel. E incitou Davi contra eles, dizendo. Vai, numera a Israel de Judá".

Afinal, quem incitou a Davi? Deus ou o diabo?

Digamos que foi Deus, usando seu servo negativo, Satanás. Ele é o instrumento da ira de Deus, já que Deus é amor e é imutável. Ele criou o assolador para destruir, no momento em que ele precisa usar alguém assim.

No livro de Jó, quando os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, a Bíblia diz que “veio também Satanás entre eles” (Jó 1.6).

Deus dialogou com ele. Perguntou de onde ele vinha e falou sobre Jó. Deus queria provar a Jó e, como Deus não faz nada negativo, usou seu instrumento negativo e deu ordens para ele tocar nos bens e na família de Jó e, mais tarde, em seu próprio corpo.

Por que Satanás não fez isto antes, por quê? Porque ele só faz qualquer coisa quando Deus o usa para fazê-lo. Ele não é tão autônomo, tão independente como muitos pensam e ensinam. Ele é um servo!

Veja o caso de Pedro, por exemplo. Em Lucas 22.31,32, nós lemos.

“Disse também o Senhor. Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos”.

Veja como Satanás teve que pedir! Se ele fosse livre para tentar qualquer um, ele simplesmente tentaria sem pedir qualquer permissão.

Veja que Jesus não está falando somente sobre Pedro. Ele está falando sobre todos os apóstolos, pois diz. “... vos pediu”. Está no plural. Satanás pediu todos os apóstolos. Jesus disse que iria rogar, particularmente por Pedro, porque ele ainda não era convertido em plenitude.

Jesus disse que a fé dele poderia desfalecer, já que era um homem de pequena fé (Mateus 14.31).

E não somente isto. Apesar de sua função negativa, ele é um príncipe. Não sou eu que estou dizendo, foi Jesus quem afirmou isto. Ele disse

“Agora é o juízo deste mundo. Agora será expulso o príncipe deste mundo” (Quarto Evangelho 12.31). Já não falarei muito convosco; porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim (Quarto Evangelho 14.30). E do juízo, porque o príncipe deste mundo está julgado” (Quarto Evangelho 16.11).

O apóstolo Paulo corrobora tais afirmações do Mestre em Efésios 2.2, quando o chama de “o príncipe das potestades do ar”.

É algo absurdo e infantil alguém falar de Satanás usando expressões como estas. “aquele cachorro, aquele porco, aquele imbecil, aquele nojento”, etc.

Por quê?

Porque ele é um anjo de Deus, criado para fazer esta obra negativa a que Deus o designou. Isto é difícil de aceitar, por muitos, mas é a pura verdade.

Com isto ele não deixa de ser nosso inimigo, mas enquadrado dentro do plano magistral, eterno e infinito de Deus.

Foi por causa disto que o próprio arcanjo Miguel, comandante dos anjos guerreiros do Senhor, demonstrou respeito pela posição do outro, de Satanás, porque entendia sua função e missão.

O apóstolo Judas estava criticando pessoas que “vituperam autoridades” e, logo em seguida, afirma.

“E, contudo, também estes, semelhantemente adormecidos, contaminam a sua carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as dignidades. Mas o arcanjo Miguel, quando disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse. O Senhor te repreenda” (Judas 8,9).

Vamos analisar, agora, outro texto que é usado pelos exegetas impacientes. Isaías 14, especificamente os versículos 4 a 19.

Trata-se, também, de um texto rebuscado, pesado, cheio de símbolos. É necessário lê-lo com muita atenção, dando ênfase especial a todos os contextos.

O argumento principal é retirado dos versículos 12 a 14.

"Como caíste do Céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração. Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do norte.

“Subirei acima das altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão. É este o varão que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos? Que punha o mundo como um deserto e assolava as suas cidades? Que a seus cativos não deixava ir soltos para suas casas?

“Mas tu és lançado de tua sepultura, como um renovo abominável, como um vestido de mortos atravessados à espada, como os que descem ao covil de pedras, como corpo morto e pisado”.

Para começar, em todo o texto há referências a morte, sepultura, homem, etc, termos que não se aplicam jamais a Satanás.

Vamos observar um importante contexto que sempre passa despercebido por muitos analistas bíblicos.

Quem está falando todas estas palavras que acabamos de citar? Deus? O profeta Isaías? Outro personagem? Quem?

Observando o contexto, ele mostra que quem está falando estas palavras são ESTES TODOS (v.10)

Agora, perguntamos, estes todos quem?

O personagem a quem o texto se refere, possui certas características que enumeraremos a seguir.

- Um grande poder;

- Ele caiu de certo nível;

- Ele é acusado de ferir os povos com furor;

- Com a queda dele disseram que aterra descansou; (se fosse a queda de Satanás, seria o contrário, pois com ela a terra ficou em polvorosa);

- O Sheol, sepultura, ou inferno, conforme é chamado o reino dos mortos no Velho Testamento foi dito que se turbou por ele, para sair ao encontro dele em sua vinda;

- Os mortos despertaram por causa dele em sua vinda;

- Despertou os príncipes ou principados;

- Fez levantar dos seus tronos a todos os reis das nações;

- Ele foi acusado de ter caído do céu;

- Ele foi chamado de "estrela da manhã";

- Ele foi acusado de dizer que subiria ao céu, sendo semelhante ao Altíssimo;

- Ele morreu;

- Ele foi sepultado;

- Embora sepultado, saiu de sua sepultura, de maneira sobrenatural.

Perguntamos novamente. A quem se referem estes textos? A Satanás? Simplesmente ao rei de Babilônia?

Por que os reis das nações o acusaram de tanta coisa e disseram que ele também estava enfermo, semelhante a eles? E por que esses reis das nações estariam enfermos?

Não se trata de uma referência aos dominadores espirituais das nações, os principados e potestades que dominam sobre países, como encontramos em Daniel e outras referências?

Este personagem chamado de "estrela da manhã" e "filho da alva" é alguém tão horrível e asqueroso como Satanás? E como ele continuaria a ser chamado assim, se tivesse passado pela metamorfose de anjo de luz para anjo do mal?

Por que não entendermos que esses reis das nações estavam zangados contra alguém muito diferente de Satanás? Sim, por que não entendermos que este texto refere-se exatamente ao oposto dele - o Senhor Jesus Cristo!

Estas palavras torcidas e de blasfêmia não partiram da boca de Deus, nem da boca do profeta, mas partiram DOS REIS DAS NAÇÕES!

Foram eles que chegaram a dizer sobre o corpo de Jesus na sepultura palavras exatas como estas. "os bichinhos debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão".

É claro! Na sepultura esses vermes não puderam fazer outra coisa senão ficar acima e debaixo do corpo sacrossanto de Jesus, mas não puderam tocar nele, porque está escrito.

"Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o Teu Santo veja corrupção"(Salmos 16.10). "Nessa previsão, disse da ressurreição de Cristo. Que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua carne viu corrupção"(Atos 2.31)

Jesus morreu como qualquer homem, mas seu corpo não passou pela putrefação.

Vamos ver outro detalhe importante. A quem a Bíblia chama, realmente, de “Estrela da Manhã”? Conforme o relato do apóstolo Pedro, refere-se ao próprio Senhor Jesus. Leiamos II Pedro 1.19.

“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis, em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça e a estrela da alva apareça em vossos corações”.

Outra invenção é chamar Satanás de “Lúcifer” ou “Lusbel”. Lúcifer significa “portador da luz” e Lusbel significa “senhor da luz”. Desde quando Satanás é portador da luz ou senhor da luz? Isto é ou não é uma fantasia da cabeça de alguns?

Durante anos Satanás tem recebido da boca dos próprios cristãos uma glória que ele não possui - a de ter sido, um dia, um anjo bom.

É claro que, ele fez algo no céu, uma rebelião. Ele seduziu a terça parte dos anjos celestes, transformando-os em seus seguidores, em demônios.

Ousamos, contudo, dizer que tudo isto estava nos planos de Deus. Deus permitiu que tudo isto acontecesse para que de maneira mais completa fosse manifestada a Sua glória.

Amado irmão ou irmã, aprenda a ler a Bíblia com mais atenção e, o que é melhor, com mais reverência. Jogue para o alto tradições humanas e a submissão a autoridades humanas e atinja uma nova visão e dimensão do conhecimento bíblico. Escreva para mim. Terei prazer em ajudá-lo a compreender melhor o texto sagrado.

Autor: Paulo de Aragão Lins

CUIDADO COM OS PASTORES CÃES

 
 
Cuidado com os pastores cães! Como saber se um pastor é um legítimo guia de ovelhas ou um cão mercenário?                                                                
 
 
    Infelizmente, igrejas fundamentadas na Bíblia estão se tornando cada vez mais raras nestes últimos dias. Os fundamentos da doutrina cristã estão sendo abandonados pela aceitação do erro e da heresia. A enganação... está aumentando e muitas ovelhas de Deus estão sendo enganadas por charlatões disfarçados de ministro do evangelho. Os promotores desse quadro decadente são os pastores-cães sempre desejosos de agradar e de alcançar a aprovação dos homens. Esses maus líderes gostam de bajular para obter confiança e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples. Em Filipenses 3:2 o apóstolo Paulo assinala: “Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros”. Uma das passagens mais dramáticas da Bíblia é Isaías 56:11 onde o profeta dá as características dos pastores-cães: “Estes cães são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte”.
   Como se observa no versículo, os pastores-cães são extremamente cobiçosos, de torpe ganância, avarentos; sevem ao seu próprio ventre; sempre buscam a sua satisfação pessoal deixando as ovelhas ao abandono. A idéia de um cão pastoreando ovelhas é contraproducente ao Evangelho. Jesus enfatizou que “O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.                                                                                                                                                      O bom pastor, não ladra, não rosna, não rezinga, não ataca, não coloca o rebanho em apuros, não alarga o caminho estreito, mas fala o que convém à sã doutrina. O objetivo primordial do bom pastor é colocar seu rebanho sob o temor contínuo do Senhor.                                                                                                                                         Os pastores-cães buscam os louvores de seus ouvintes e, jactando-se dos bancos cheios aos domingos, arvoram a bandeira falsa do avivamento. Esses maus líderes estão preocupados em solucionar as neuroses das pessoas, revestindo de açúcar seus sermões. Esquecem eles, que o único remédio para a cura dos males que afligem os homens, seja na mente ou no coração é a Palavra de Deus. Uma estratégia usada pelos pastores-cães é manter um perfil discreto e dar aos ouvintes o que eles querem, esperando que voltem no próximo domingo. Esses enganadores fazem com que as pessoas pensem que foram curadas dos seus pecados quando nunca souberam que estavam enfermas, eles colocam vestimenta de justiça sobre os seus ouvintes quando nunca souberam que estavam nus.
Seus sermões são uma espécie de chá de eva-doce para acalmar os pecadores, mantê-los confortáveis e domesticá-los. Pregam um Deus meloso, bonachão que não faz exigências. Suas mensagens não têm a capacidade de arar a terra com profunidade, não rompe o solo rochoso da alma humana, não vai além da superfície.                                                         
Nas igrejas dos pastores-cães a fé virou show, a adoração virou entretenimento, a santidade deu lugar ao “não tem nada a ver”, a cruz foi substituída por outra mais macia, ou seja, a freqüência do povo à igreja é comparada com o número de pessoas que vai a um parque de diversões.                                                                                                                         
A igreja desses pastores-cães é a igreja da Aceitação: o pecado não é tratado com seriedade, todos podem entrar e permanecer pecadores contumazes.                       
Esses maus líderes não entendem que clubes sociais construídos sobre o nome de Jesus Cristo não são a igreja do Novo Testamento.
  
Um pregador que deixa de “quebrar alguns ovos” regularmente, por que tem o objetivo de ser popular, não está qualificado para o ministério. Uma característica marcante desses pastores-cães é que as experiências têm maior peso que as Escrituras. Quando as pessoas desmaiam na igreja, ou riem descontroladamente, ou latem como cachorros, ou miam como gatos, ou rugem como leões, ou se arrastam como cobras, esses pastores acham que todas essas manifestações são de Deus. Para esses réprobos a Bíblia somente é importante quando não contradiz suas experiências.                                        
O salário altíssimo é a marca principal desses pastores-cães. A Bíblia diz que o trabalhador é digno do seu salário. Portanto, não há nada de errado um pastor receber um salário adequado. Mas, quando o pastor torna-se milionário e vive em uma grande mansão com carros do último tipo conseguidos do seu rebanho, é um lobo mercenário. Esses mercenários têm mundanizado o Evangelho. Para eles, o sucesso de uma empresa multinacional é o modelo a ser imitado pela sua igreja. É preciso entender que o mundo dos negócios está preocupado com a aparência e o lucro e não pode ser modelo para a igreja do Senhor Jesus Cristo. O verdadeiro pastor que não é mercenário é como Moisés que “permaneceu firme como quem vê o invisível” (Hb 11:27), ou seja, os seus olhos estavam sobre o invisível, o reino espiritual de Deus, não no reino deste mundo.                
Os pastores-cães induzem o povo ao erro através de alianças com o que é profano. Para isso usam de jargões atraentes e diplomáticos do tipo: “Unidade na diversidade”, ”O amor une a doutrina divide”, “Devemos construir pontes e não muros”, “O verdadeiro cartão de identidade do cristão é o amor”. Através dessas frases engenhosamente bem construídas erros doutrinários grosseiros têm sido tolerados em nome do amor. Cristianismo é acima de tudo união de gregos e troianos, judeus e gentios, negros e brancos, ricos e pobres, todos unidos numa só fé. Mas, o cristianismo verdadeiro não tolera a conjugação entre o certo e o errado, a verdade e a mentira, a luz e a escuridão. A unidade não deve ser meramente espiritual, mas acima de tudo deve ser bíblico-doutrinária. Assim como a água e o óleo não se misturam, verdade e erro não podem combinar para produzir algo bom. Deus é amor, mas é também santo por isso não dá para justificar a união do santo com o profano como querem os pastores-cães. Em 2 Tessalonicenses Paulo exorta dizendo: “Se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal e não vos mistureis com ele”. No capítulo 16 verso 17 aos Romanos, Paulo assinala dizendo: “Rogo-vos irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes, desviai-vos deles”. No livro apocalipse há uma sentença severa para os pastores-cães “Ficarão de fora os cães” (AP 22:15).                     
Cabem a nós, ovelhas, ficarmos atentos para a solene advertência: CUIDADO COM OS PASTORES-CÃES!

27 novembro 2011

O PERIGO DA VAIDADE NO MINISTÉRIO



O ministério eclesiástico, constituído de muitas funções a serem desempenhadas em favor da Igreja do Senhor, envolve de tal forma aqueles que a ele se dedicam, que exige tempo, esforço, preparo, unção e cuidado. Se o obreiro não souber administrar seu comportamento, com graça e vigilância, poderá ser vítima da vaidade ministerial, que tem levado muitos ao desprestígio e queda, diante de Deus, da igreja e dos homens. Solenemente proclama a Bíblia: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda" (Pv 16:18). Dessa forma, é imprescindível estar atento ao que se passa em torno do ministério. O perigo pode não estar longe, mas bem perto, dentro de cada um obreiro do Senhor. Além do sexo, dinheiro e poder, que são os três elementos mais comuns, usados pelo diabo para derrubar líderes, há outros, derivados desses, que minam as bases do ministério de muitos obreiros, levando-os a serem vaidosos no ministério. Vaidade vem de vanitate (lat.), com o significado de "vão, ilusório, instável ou pouco duradouro; desejo imoderado de atrair admiração ou homenagens". Esse último significado, a propósito sublinhado, tem muito a ver com a vaidade no ministério.


O perigo da vaidade em relação ao sexo


Não é à toa que o sábio, escritor do livro de Provérbios, exortando o filho de Deus, ensina que é necessário ter sabedoria, bom siso e temor do Senhor, para se livrar da mulher adúltera, "que lisonjeia com suas palavras, a qual deixa o guia da sua mocidade e se esquece do concerto do seu Deus; porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas, para os mortos; todos os que se dirigem a elas não voltarão e não atinarão com as veredas da vida" (Pv 5.16-19).


Muitas vezes, por falta de vigilância oração, o obreiro acerca-se de mulheres, em seu trabalho, sem atentar para seu comportamento, não percebendo que armadilhas do diabo estão sendo colocadas diante de si. Não raro, é o pastor que tem como secretária uma jovem solteira, ou uma jovem senhora, carente de afeto, que se insinua e se oferece para satisfazer a carência afetiva do obreiro, muitas vezes afastado da esposa, por causa do "ativismo frenético", que não lhe deixa tempo para a família. E o homem de Deus, esquecendo-se das bênçãos que lhe são reservadas, troca a dignidade ministerial por um relacionamento ilícito e pecaminoso, para sua própria destruição. Um ponto crítico, alvo de tentação, é o aconselhamento, em sua maioria a mulheres da igreja.


Conheço casos de obreiros que perderam a reputação, o cargo e o ministério porque se deixaram envolver emocionalmente com pessoas aconselhadas, e caíram na armadilha do sexo. Diante de uma bela mulher, há obreiros que ficam vaidosos, sentindo-se como se fossem galãs conquistadores. Na verdade, estão sendo conquistados pelo diabo. É o velho comportamento de Esaú, trocando as bênçãos do ministério pelo prato de lentilhas do prazer imediato.


Não há outro caminho para escapar da queda, a não ser o temor de Deus, a vigilância, a oração (Mt 26.41) e o desenvolvimento de um relacionamento amoroso com a esposa, que envolva carinho, companheirismo e verdadeira afeição. A Bíblia diz: "Tem cuidado de ti mesmo..." (1 Tm 4.16).


A vaidade em relação do dinheiro


O dinheiro, em si, não é mau. A Bíblia não diz em nenhuma parte que o dinheiro é perigoso. Ela nos adverte quanto ao "amor do dinheiro", que é a "raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Tm 6.10). Uma boa "prebenda" pode levar muitos à vaidade.


A Palavra de Deus é infalível. Aqueles que, na direção de igrejas, principalmente de grande porte, cuja renda mensal é considerada alta, não têm cuidado de vigiar no trato com recursos financeiros, acabam afundando na cobiça, esquecendo-se da missão, e tornando-se verdadeiros cambistas, negociantes e mercantilistas do tesouro da casa do Senhor. E isso é vaidade, futilidade. A vaidade e o poder que detêm os torna como se fossem donos do tesouro da igreja, e passam a gastar como bem querem e entendem, sem dar satisfação sequer à Diretoria, e muito menos à igreja, que se sente desconfiada, por nunca ouvir um relatório financeiro da tesouraria.


É lamentável, mas há obreiros que compram bens pessoais, ás custas do dinheiro dos dízimos e ofertas do Senhor. Certamente, a maldição os alcançará, pois estão sonegando os recursos destinado à Obra do Senhor. Essa vaidade é prejudicial ao bom nome da igreja. A Bíblia conta o que ocorreu com Gideão. Numa fase de sua vida, deixou-se levar pela direção de Deus, e foi grandemente abençoado, sendo protagonista de espetacular vitória contra os midianitas, à frente de apenas 300 homens (Jz 7).


Contudo, após a grande vitória, cobiçou o ouro de seus liderados, solicitando que cada um deles lhe desse "os pendentes de ouro do despojo", no que foi atendido pelos que o admiravam (Jz 8.24). Tentado pela cobiça do metal precioso, Gideão deixou que subisse para a cabeça o desejo de ter sua própria "igreja", levantando um lugar de adoração, com o ouro que lhe foi presenteado, mandando confeccionar um éfode, " e todo o Israel se prostituiu ali após dele: foi por tropeço a Gideão e à sua casa...e sucedeu que , quando Gideão faleceu, os filhos de Israel e se tornaram, e se prostituíram após dos baalins: e puseram Baal-Berite por seu deus" (Jz 8.27,32).

Tem razão a Palavra de Deus, quando adverte que "o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males...".


A vaidade do poder do cargo


Há obreiros que, enquanto dirigentes de pequenas igrejas, são humildes, despretensiosos e dedicados à missão que lhe foi confiada. Contudo, ao verem a obra crescer, fazendo-os líderes de grandes igrejas, esquecem de que "nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento" (1 Co 3:7), e passam a se comportar como verdadeiros imperadores ou ditadores eclesiásticos.


O cargo de pastor, do bispo ou do presbítero é de grande valor para a igreja. A Bíblia diz Deus deu pastores à igreja, ao lado de evangelistas e mestres, "querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo" (Ef 4.12). Aí está o objetivo do cargo ou da função pastoral.


Quando o ministro perde essa visão, acaba pensando que o cargo é fonte de poder pessoal, humano e carnal, e passa a usar a posição para a satisfação de interesses pessoais ou de grupos que se formam ao seu redor, e deixa-se dominar pela vaidade ministerial. Uzias, que reinou em lugar de seu pai, Amazias, aos dezesseis anos de idade, teve um grande ministério, aconselhando-se com Zacarias. A Bíblia diz que ele, "nos dias em que buscou o Senhor, Deus o fez prosperar" (2 Cr 26.3,5). Acrescenta, ainda a Palavra, que Uzias foi "maravilhosamente ajudado até que se tornou forte. Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso" (2 Cr 26.15,16).


Esse episódio demonstra que a ilusão ou a vaidade do poder, oriundo da posição que o líder ocupa é fonte de comportamentos os mais estranhos e imprevisíveis. O diabo se aproveita das fraquezas da personalidade de certas pessoas, e incita-as a julgar-se grandes demais, a ponto de extrapolarem suas ações, agindo de modo ilegítimo, e contra a vontade de Deus. Uzias foi grandemente abençoado, até que, sentindo-se forte, ou seja, cheio de poder, entendeu que podia imiscuir-se nas funções que eram privativas do sacerdote de sua época. Porque ele fez isso? Porque se deixou dominar pela vaidade do poder.


É muito importante que o obreiro, no ministério, tenha consciência de que o poder que lhe sustenta não é o poder pessoal, nem o poder do cargo. O homem de Deus só pode ser sustentado e permanecer firme, se reconhecer que o poder vem de Deus. Davi disse: "Uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi: que o poder pertence a Deus" (Sl 62:11). S. Paulo, doutrinando aos efésios sobre as armas que são colocadas à disposição do crente, ensinou: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder" (Ef 6.10).


O poder que emana do cargo ministerial é passageiro. Da mesma forma, o poder que advém do dinheiro, da posição, da fama ou de qualquer outra fonte, tem raízes nas forças do homem, e não tem durabilidade, pois debaixo do sol tudo é vaidade, conforme diz o sábio escritor do Eclesiastes (Ec 1.14). Dessa forma, é melhor não se deixar dominar pela vaidade do poder, pois, um dia, quando o detentor do cargo tem que deixa-lo, seja por jubilação ou por outra razão, poderá sofrer muito, sentindo falta do poder de que foi detentor. Contudo, quando o homem de Deus não se deixa seduzir pela vaidade do poder, e confia no poder de Deus, ele pode sair do cargo de cabeça erguida, sem sentir carência da posição.


A vaidade na pregação


Um obreiro, pastor ou líder, à frente do trabalho, precisa ter mensagens para transmitir ao rebanho. A verdadeira mensagem é aquela que vem de cima, que flui do Espírito de Deus para o espírito do mensageiro, e passa para a igreja, com unção e graça, de modo que todos são tocados pelo poder de Deus, transbordando em amor, temor e alegria espiritual.


Esse tipo de mensagem só pode existir, se o obreiro buscar a presença de Deus, em oração e jejum. Certo pregador dizia que muitos lhe indagavam sobre o segredo de ter tanta unção para transmitir mensagens para o povo, ao que ele respondeu - "O segredo é que muitos oram cinco minutos para pregar uma hora; eu oro uma hora para pregar cinco minutos".


Infelizmente, há os que, conscientes de que possuem o dom da palavra, ou o dom da oratória, ficam orgulhosos, e passam a se comportar como se fossem meros oradores de palanques, procurando impressionar a igreja. Há até os pregadores profissionais, que se utilizam das técnicas de comunicação, para atrair os ouvintes; são portadores de mensagens "enlatadas", as quais só precisam de um "esquente" da platéia para arrancarem glórias e aleluias.

O uso da oratória, fundamentada numa boa orientação da Homilética, não faz mal a nenhum pregador. É um meio adequado que, submisso à unção do Espírito Santo, pode trazer muitos resultados abençoados para o engrandecimento do Reino de Deus. Um esboço de mensagem bem elaborado, com oração e jejum, com base na pesquisa da Palavra de Deus, e transmitido com humildade e dependência do Senhor é um recurso que dá firmeza ao pregador na sua alocução, na transmissão do sermão.


Entretanto, o obreiro, em sua prédica, não deve pensar que tais recursos são a razão do sucesso da mensagem que transmite. S. Paulo, extraordinário pregador, não confiou em sua formação privilegiada, aos pés de Gamaliel. Escrevendo aos coríntios, disse: "A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder" (1 Co 2:4). Ele confiava na eloquência do poder, ao invés de se firmar no poder da eloquência. A vaidade na pregação faz com que certos evangelistas não se interessem por pregar para pequenas multidões. Seu ego só se satisfaz se lhe for assegurada a assistência de milhares de pessoas.


A vaidade no tratamento


Todo homem de Deus tem o dever de tratar bem às pessoas e o direito de ser bem tratado pelos que dele se aproxima,, pois não é uma pessoa qualquer, mas um servo de Deus, que está incumbido da missão mais importante da face da terra. A Bíblia diz: "a quem honra, honra" (Rm 13.7). Contudo, há aqueles que, dominados pelo sentimento vaidoso, extrapolam seus interesses, e passam a exigir um tratamento exagerado em torno de sua pessoa.


Conheci o caso de certo pregador, que, ao ser convidado para pregar num congresso, não se limitou a aceitar a passagem, a hospedagem e uma oferta da igreja. De antemão, exigiu que a passagem fosse enviada por determinada empresa aérea; que lhe fosse providenciada hospedagem num hotel de categoria internacional (cinco estrelas) para ele e sua esposa; e que também lhe fosse concedida um apartamento duplo para sua empregada e seus filhos, que deveriam acompanhá-lo. E foi atendido. Seu ego foi satisfeito, sua vaidade foi alimentada, às custas dos dízimos e ofertas de irmãos, em sua maioria pobres de recursos e de bens materiais.


Se não tivermos cuidado, vai haver pregador famoso, que poderá exigir até passagem para seu cão de estimação e tratamento "vip" para o animal. Vaidade e mercantilismos podem prejudicar muitos ministérios. Tenho visto que, no Brasil, há obreiros humildes, cheios da unção de Deus, mas, por serem jovens ou não serem famosos, são esquecidos, e nunca aproveitados em cruzadas e congressos.


A vaidade no ministério do louvor


Ao ministrar estudo num certo estado do Brasil, ouvi de irmãos que certo "cantor evangélico famoso" passara por ali, tendo exigido um cachê de quinze mil reais, com cinqüenta por cento adiantado, em depósito em sua conta; carro com ar condicionado, o melhor hotel da cidade.


E lamentavelmente, os irmãos se submeteram à vaidade exagerada daquele homem que, se aproveitando do que Deus fez em sua vida, passou a explorar certas igrejas, infelizmente dirigidas por pastores vaidosos , que só pensam em ver multidões, não importando o preço a pagar. Uma igreja denominacional, que desejava angariar recursos para a construção de um templo, resolveu convidar certo cantor, recém-convertido ao evangelho, esperando obter algum retorno para a obra.

O cantor, conhecido no mundo artístico brasileiro, exigiu, além de hotel de luxo, quase vinte mil reais, para cantar numa só noite, num grande estádio de futebol. Como resultado, as "entradas" não cobriram o "cachê" , a igreja teve prejuízo e amargou grande decepção. Sem dúvida, isso só acontece por causa da vaidade de tais pessoas, e da ingenuidade de certos pastores, que, desejando ver "a casa cheia", convidam celebridades para atrair o povo. A Bíblia nos mostra que o caminho para angariar recursos para a "manutenção" da casa do Senhor é a doutrina sobre a mordomia cristã, no que concerne aos dízimos e ofertas, conforme Malaquias 3.10.
                      

Vaidade nas mordomias


No passado, quando o evangelho chegou à nossa terra, trazido por homens de Deus, que foram pioneiros no desbravamento da obra, as condições de trabalho eram duras e difíceis. Muitos deles andaram a pé, distâncias enormes, que os faziam fadigados e doentes; muitos percorreram os rincões do país, no lombo de cavalos, ou atravessando rios em canoas, sujeitos aos riscos de viagens sem segurança; muitos se hospedarem à margem dos igarapés, infestados de mosquitos e ameaçados por animais selvagens; tomaram água suja e chegaram a ser vitimados pela malária ou pela febre amarela. A eles, muito devemos, pelo seu desprendimento, coragem e fé.


Hoje, no entanto, em geral, vemos que Deus tem propiciado condições de trabalho muito melhores aos obreiros, por esse Brasil a fora. As igrejas maiores podem conceder aos pastores moradia condigna, transportes pessoais, seguro-saúde, salário compatível e muito mais. É verdade que em grande parte, há obreiros que passam necessidades, injustamente. Entretanto, há os que, aproveitando-se da bênção de Deus sobre as igrejas, abusam das mordomias.

Há casos em que o obreiro rejeita a casa pastoral, porque a esposa não gosta do estilo do prédio, e passam a exigir casa com tanto conforto e luxo, nas dependências, que consomem os recursos da igreja. É importante que o pastor more condignamente. Mas não é preciso exibir riqueza e luxo. Por outro lado, há obreiros que exigem salário tão elevado, além decombustível para o carro particular, pagamento de todas as despesas da casa, carro para levar os filhos na escola, empregada, arrumadeira, vigia, etc., que chamam a atenção dos murmuradores contra a obra do Senhor.


Com isso, não desconhecemos a necessidade de um obreiro, líder de um grande trabalho, ter um tratamento adequado ao nível de suas responsabilidades. Se a igreja tem condições, é compreensível. Mas o exagero nesse aspecto, denota vaidade e desejo de aparecer perante a comunidade.


A vaidade na formação teológica


Há pouco mais de vinte anos, quem quisesse estudar teologia, em muitas igrejas, era considerado excêntrico e vaidoso. Muitos que ousaram ingressar num instituto bíblico, tiveram que fazê-lo às suas expensas, sem qualquer ajuda da igreja à qual eram filiados, e ainda assim, considerados malvistos pela liderança. Os tempos passaram e, por razões as mais diversas, como a exigência de melhores conhecimentos bíblicos e teológicos, ou o receio de ver grupos oriundos de certas igrejas arrebanharem os jovens para os cursos considerados "perigosos", as lideranças resolveram investir na área do ensino teológico.


Na última década, proliferaram, no Brasil, os mais variados tipos de escolas, cursos, seminários, institutos, faculdades, etc. , voltados para o ensino teológico. Muitos desses cursos não têm a menor condição técnica, ou mesmo bíblico-teológica para ministrar o ensino, e têm formado um grande número de obreiros , portadores de diploma até de bacharelado em Teologia. Como resultado, passou-se de uma carência de pessoas com curso teológico, para uma grande quantidade de pessoas diplomadas, mas com formação que deixa a desejar, em termos de conhecimentos bíblicos e teológicos.


Alguns desses formados, são obreiros vaidosos, que, possuídos de sentimento de superioridade, passam a desprezar os não formados, considerandos incapazes de exercer o ministério. Isso constitui uma vaidade, que leva muitos a assomarem aos púlpitos, sem unção e sem graça, confiando nos conhecimentos obtidos. A Bíblia nos adverte: "Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento" (Pv 3.5). Não se deve discriminar os obreiros formados em Teologia. Eles podem ser uma grande bênção para a ministração do ensino, da pesquisa bíblica e da evangelização. Mas não se deve deixar que os conhecimentos tomem o lugar do preparo espiritual para a pregação do evangelho, que se obtém de joelhos, orando e jejuando , na presença do Senhor.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima

Assembléia de Deus em Parnamirim - RN.

30 setembro 2011

O Ciúme, a Inveja e a Contenda

         Aristóteles definia ciúmes como o desejo de ter o que outra pessoa possui. Era originariamente uma palavra boa e referia-se ao desejo de imitar uma coisa nobre da outra pessoa.  Mais tarde a palavra passou a ser associada com um desejo lascivo daquilo que pertencia a outra pessoa.  Salomão reconheceu a vaidade (inutilidade) desse pecado quando disse: 
"Então vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu próximo" (Eclesiastes 4:4). 

        Tentar "seguir o padrão de vida do vizinho" é um pecado que não somente nos impedirá de ir para o céu, mas também mesmo nesta vida nos tirará a satisfação (Filipenses 4:12-13).

         Embora o ciúme simplesmente cobice a riqueza e a honra  dos outros, a inveja é algo que se faz acompanhar de rancor.  A inveja não é necessariamente querer para nós mesmos, mas simplesmente querer que seja tirado do outro.  A inveja é o sentimento de infelicidade produzido por presenciarmos a vantagem ou a prosperidade do outro.  Os invejosos se incomodam com os sucessos dos amigos.

          O ciúme e a inveja são sempre seguidos da contenda na igreja, em Romanos 13:13 diz; Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. E em 1 Coríntios 3:3 diz; Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?  

Quando nos magoamos por causa daquilo que outros conquistaram, quer financeiramente, quer na reputação, a ambição egoísta nos torna arrogantes contra o nosso irmão (Tiago 3:14).  O ciúme dos coríntios para com os pregadores gerou contenda e divisão (1 Coríntios 3:3-4).  Os irmãos ciumentos estão associados com a contenda, com a ira, com as disputas, as maledicências, a difamação, a arrogância e as perturbações (2Co 12:20). 

O ciúme e a inveja levaram os irmãos de José a querê-lo morto, geraram a rebelião de Coré, levaram Caim a matar Abel, o Sinédrio a matar Jesus e aprisionar os apóstolos.  

Muitos hoje e no primeiro século pregam e pregaram a Cristo movidos pela inveja.Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade”; (Filipenses 1:15). 

São “zelosos” pela causa de Cristo, mas esse zelo é motivado pelo desejo de desacreditarem outros irmãos.

 A contenda nasce da inveja, da ambição e do desejo de prestígio, de posição e de destaque.  É o espírito que nasce da competição desmedida e ímpia. 

A contenda corre solta quando os cristãos odeiam ser superados.
Domina quando o homem se esquece que só o que se humilha pode ser exaltado. 

Os irmãos invejosos e competitivos cobrem o seu pecado com debates "consagrados" sobre as palavras e sobre as questões controversas (1 Timóteo 6:4-5). 

Que a nossa posição a favor da verdade não seja obscurecida com o motivo pecaminoso da inveja que nos conduz à contenda.

Uma vez que a contenda entra na igreja, o culto passa a ser inviabilizado.  Os cristãos, e mesmo os presbíteros e pregadores, ficam tão preocupados com os seus direitos, dignidade, prestígio, práticas e procedimentos que fica impossível haver uma atmosfera que dê margem ao louvor e à adoração.  Com o ciúmes e a inveja no coração, não podemos fazer julgamentos justos; o julgamento parcial só gera mais contenda. 

A adoração a Deus e as disputas dos homens não combinam.

O ciúme e a inveja parecem ser os últimos pecados a desaparecer da vida do Espírito.  Após a longa lista que Paulo apresenta de pecados da carne e do fruto do Espírito em Gálatas 5, ele conclui o seu pensamento com a advertência: 

"Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.  Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros" (5:25-26).

         Ninguém acusou os apóstolos durante o ministério de Jesus de fornicação, impureza, sensualidade, idolatria, feitiçaria, embriaguez e orgias, mas na noite antes de Jesus morrer, eles eram invejosos e cheios de contenda. E houve também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior.  (Lucas 22:24). 

Não é necessário participar do trabalho da igreja por muito tempo para descobrir que fonte eterna de problemas é a inveja.

         Como corrigimos o espírito invejoso e ciumento em nós mesmos?

"Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.  Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos" (Romanos 12:15-16).

"Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo" (1 Pedro 3:8-9).

"Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz" (Tiago 3:18). 

Todos estamos tentando ceifar uma colheita resultante da boa vida, mas as sementes que produzem essa colheita jamais podem brotar numa atmosfera que não seja aquela com os relacionamentos corretos. 

O grupo em que há inveja e contenda é um solo infértil, em que não pode crescer nenhuma colheita justa.

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